Rock progressivo: o lado B do prog rock
- 2727/0404/2016201620162016
- 66 Comentário(s)
No final dos anos 1960, a banda The Nice fez insurgir, juntamente com os Beatles e o Pink Floyd, o nascimento do rock progressivo. Comandado pelo tecladista Keith Emerson, que mais tarde faria parte do trio progressista Emerson, Lake and Palmer, o The Nice lançou no final dos anos 60 o álbum The Thoughts of Emerlist Davjack, sendo considerado pelos estudiosos da música como o primeiro disco de rock progressivo, abrangendo uma discussão que não tem fim sobre quem foi “o primeiro filho do prog rock”. Formada em 1967, a banda teve suas atividades encerradas em 1971, tendo lançado cinco álbuns que praticamente ficaram esquecidos no limbo.
No meio do caminho, a exemplo do The Nice, muitas bandas “murcharam”, apesar de possuírem um trabalho musical de boa qualidade, mas que, ao passar do tempo, se tornaram insólitas. E no caso do The Nice há o “agravante” de que o grupo foi um dos fundadores do prog. Outro motivo que fizeram grupos progressistas serem comumente citados como bandas sem muita evidência no cenário musical foi a pretensa ambição de galgar níveis estratosféricos da música, ou seja, o tiro saiu pela culatra e esses grupos, ao invés de angariar fãs, afastaram-nos ainda mais.
A banda Gentle Giant, formada nos anos 1970 pelos irmãos Derek e Ray Shulman, tinha como principal proposta “expandir as fronteiras da música popular contemporânea, com o risco de se tornar muito impopular”. Com isso, o grupo já profetizava que sua ambição de tornar o rock complexo e erudito demais afastaria muitos ouvintes e daria lugar uma música elitista, da qual poucos fãs ouviriam e distinguiriam os elementos fundamentais do som produzido pela trupe dos irmãos Shulman. Fato é que a pretensão do Gentle Giant era tamanha que a banda utilizou mais de 20 instrumentos para compor o álbum Acquiring the Taste.
Em contrapartida, o Pink Floyd tornava o rock progressivo mais “acessível”. Dentro do prog, é inegável que o Pink Floyd é a banda mais popular do gênero. Segundo o jornalista John Harris, autor do livro The Dark Side of the Moon: os bastidores da obra-prima do Pink Floyd, a ideia de simplificar o som da banda partiu principalmente do guitarrista David Gilmour, que alertara o baixista e vocalista Roger Waters durante a gravação do álbum que as letras da banda possuíam indiretas demais e que aquele era o momento de ir direto ao ponto. Resultado: The Dark Side of the Moon figurou por mais de 700 semanas no top 200 da Billboard e já vendeu mais de 30 milhões de cópias nos quatro cantos do planeta.
Um fato curioso é que, a exemplo do Gentle Giant, algumas bandas progs foram perdendo certa visibilidade no meio musical, o que não significa que tais grupos não sejam “famosos”, apenas não tiveram o mesmo êxito que outras bandas mais “populares” dentro do gênero tiveram, como, por exemplo, Pink Floyd, Genesis, Jethro Tull e Rush. Só mesmo sendo fã de rock progressivo (fã que é fã acaba se aprofundando no estilo musical que “curte”) para ter conhecimento de fantásticos grupos progs como o já citado Gentle Giant, além de Camel, Eloy, Hawkwind, Procol Harum, Van der Graaf Generator, Triumvirat, Nektar, Soft Machine e Colosseum (essas duas últimas com forte sonoridade jazzística). E há ainda bandas que não são necessariamente progs, mas que de certa forma beberam um pouco da fonte do rock progressivo e que merecem ser ouvidas, como Epitaph, Iron Butterfly e Andromeda. No caso dessas bandas, a influência do rock progressivo é um tanto sutil.
No caso do Focus e do King Crimson, por exemplo, já é difícil enquadrá-los como grupos que não tiveram notoriedade. Indo direto ao ponto (e há quem discorde, claro): o Pink Floyd projetou uma sombra enorme sobre as outras bandas de rock progressivo. Os leigos no assunto certamente questionarão: o que é o rock progressivo além do Pink Floyd? Porém, é certo que isso ocorre em qualquer estilo musical. É inegável que o Pink Floyd é uma grande banda, uma das melhores do gênero, mas o prog é muito mais rico do que se imagina, e está além das maravilhas audiovisuais da banda. Inclusive, pouco se fala do rock progressivo fora do eixo composto por Inglaterra e Estados Unidos. Na Itália, por exemplo, grupos como Premiata Forneria Marconi, Banco del Mutuo Soccorso, Acqua Fragile, Quella Vecchia Locanda, De De Lind, Maxophone, Biglietto per l´Inferno, Buono Vecchio Charlie e Museo Rosenbach são verdadeiras pérolas do prog rock.
Luiz
2222/0505/2019201920192019
Parabéns pelo artigo! Concordo contigo. Existiram muitas bandas excelentes mas que não ficaram muito famosas pelas bandas do Brasil. Nós ainda estamos muito no eixo inglês do mundo, como se só existisse isso....